terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Gatos, gatinhas e gatões...

Quando eu era criança, minha maior preocupação eram as lições de casa. Eram os problemas de matemática que mais me judiavam e faziam jus ao nome de “problemas”... Eu chegava da escola, abria meu livro que era em formato horizontal e começava a ler os enunciados dos exercícios. Quanto mais eu lia, mais ficava preocupada porque eles pareciam insolucionáveis. Era uma sensação terrível de incompetência e tudo o que eu mais queria era acabar logo com eles. Daí eu ia até o quintal de casa e sentava em algum lugar que o sol estivesse batendo. Ficava então eu e minha gatinha, a Naná. Com ela ao meu lado dormindo, bela e folgada, um sentimento de inveja despertava em mim. Pensava eu: “Ah, como eu queria ser como você neste momento! Não tem nada pra se preocupar, só dorme no sol, come e brinca...”.... O tempo passou e hoje não sou mais criança. Minhas preocupações vão um pouco mais além do que os problemas de matemática. Apenas um pouco mais além, mas são suficientes pra me dar, às vezes, uma sensação de incompetência quando não consigo resolvê-los. É que junto deles, vem também nossos sonhos e expectativas e quando eles não são realizados da forma que a gente imagina, a gente se sente deste jeito.Talvez isto seja uma cobrança demasiada de mim mesma, o que não resulta em muita coisa a não ser em dor de cabeça. Mas o fato é que meu sonho de ser um gatinho às vezes vem à tona. Basta eu ver minhas queridas “Lurdinha” e a “Cândida”, livres, leves e soltas, deitadas de barriga pra cima em cima da cama, com o sol batendo nelas, que aquele sentimento de inveja vem chegando de mansinho. Nessas horas me lembro dos problemas de matemática e vejo que quase nada mudou, a não ser a intensidade dos afazeres.Uma vez, quando fui fazer entrevista pra trabalhar em uma empresa farmacêutica, a selecionadora me fez a fatídica pergunta: “Se você fosse um animal, qual você seria?”. E eu, sem hesitar, respondi: “um gato, com certeza”. E ela, com toda sua técnica de interpretação que ela deve ter aprendido em algum semestre da faculdade, avaliou essa minha resposta com eficácia, na cabeça de analista que ela julgava ter. O gato tem fama de ser traiçoeiro, independente, folgado, preguiçoso. Basta conhecer o Garfield pra sacar mais ou menos como eles são. O resultado nem preciso falar. É obvio que não passei no teste. Quem é que quer alguém como um gato trabalhando por perto? Nessa posso afirmar que a selecionadora saiu perdendo. De verdade. Eu fui tão sincera com ela. Eu poderia falar que gostaria de ser um Leão, que é o rei da floresta, mas acontece que ele também é um felino. E aí? Como será que ela interpretaria?Que me desculpem minhas amigas psicólogas, mas às vezes elas têm alguns surtos de loucuras, e sendo assim, eu penso que elas são muito injustas com os ansiosos candidatos à uma vaga de emprego.Mas, mesmo assim, eu ainda digo: se eu fosse um animal, gostaria de ser um gato e pronto. Eu gosto deles e os acho um barato. Eles são asseados, fazem suas sujeiras e enterram, tomam banhos sozinhos e são cheios de carinho pra doar... E além do mais, eis aqui uma gata! Rááááááááááu! Bjos e queijo!

Ana Cláudia Faccin

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